23 julho 2012

A DÍVIDA EXTERNA DA EUROPA

Existe um texto, disponível na internet, que segundo algumas fontes foi um discurso proferido por um Cacique  de uma nação indígena da América Central para uma platéia de lideres Europeus. A discussão sobre a veracidade desse acontecimento pode ser lida clicando aqui.
De qualquer forma, sendo o fato verdadeiro ou não, o texto é ótimo e serve para uma boa reflexão sobre as conquistas na América e toda a história do colonialismo europeu.
Segue o texto:


Índio surpreende chefes na reunião de cúpula

Com linguagem simples, que era transmitida em tradução simultânea para mais de uma centena de chefes de estado e demais dignatários da Comunidade Européia, o discurso do Cacique Guaicaipuro Cuatemoc provocou um silêncio inquietante na audiência quando falou:

"Aqui estou eu, descendente dos que povoaram a América há 40 mil anos, para encontrar os que a encontraram só há 500 anos.

O irmão europeu da aduana me pediu um papel escrito, um visto, para poder descobrir os que me descobriram. O irmão financista europeu me pede o pagamento, com juros, de uma divida contraída por um Judas, a quem nunca autorizei que me vendesse.

Outro irmão europeu, um rábula, me explica que toda dívida se paga com juros, mesmo que para isso sejam vendidos seres humanos e países inteiros sem pedir-lhes consentimento.

Eu também posso reclamar pagamento, também posso reclamar juros.

Consta no Arquivo das Índias. Papel sobre papel, recibo sobre recibo, assinatura sobre assinatura que somente entre os anos 1503 e 1660 chegaram a São Lucas de Barrameda 185 mil quilos de ouro e 16 milhões de quilos de prata provenientes da América

Terá sido isso um saque?

Não acredito porque seria pensar que os irmãos cristãos faltaram ao Sétimo Mandamento!

Teria sido espoliação? Guarda-me Tanatzin de me convencer que os europeus, como Caim, matam e negam o sangue do irmão

Teria sido genocídio? Isso seria dar crédito aos caluniadores, como Bartolomeu de Las Casas que qualificam o encontro de "destruição da Índias" ou Arturo Uslar Pietri, que afirma que a arrancada do capitalismo e a atual civilização européia se devem à inundação de metais preciosos retirados das Américas!

Não, esses 185 mil quilos de ouro e 16 milhões de quilos de prata foram o primeiro de outros empréstimos amigáveis da América destinados ao desenvolvimento da Europa. O contrário disso seria presumir a a existência de crimes de guerra, o que daria direito a exigir não apenas a devolução, mas indenização por perdas e danos.

Eu, Guaicaipuro Cuatémoc, prefiro pensar na hipótese menos ofensiva.

Tão fabulosa exportação de capitais não foi mais do que o início de um plano "Marshal-tezuma", para garantir a reconstrução da Europa arruinada por suas deploráveis guerras contra os muçulmanos, criadores da álgebra, da poligamia, do banho diário e outras conquistas da civilização.

Por isso, ao celebrarmos o Quinto Centenário desse Empréstimo, poderemos nos perguntar: Os irmãos europeus fizeram uso racional, responsável ou pelo menos produtivo desses recursos tão generosamente adiantados pelo Fundo Indo-americano Internacional?

É com pesar que dizemos não.

No aspecto estratégico, o dilapidaram nas batalhas de Lepanto, em armadas invencíveis, em terceiros reichs e outras formas de extermínio mútuo, sem um outro destino a não ser terminar ocupados pelas tropas gringas da OTAN, como um Panamá, mas sem o canal.

No aspecto financeiro foram incapazes, depois de uma moratória de 500 anos, tanto de amortizar o capital e seus juros, quanto se tornarem independentes das rendas liquidas, das matérias primas e da energia barata que lhes exporta e provê todo o Terceiro Mundo.

Este quadro corrobora a afirmação de Milton Friedman, segundo a qual uma economia subsidiada jamais pode funcionar. E nos obriga a reclamar-lhes, para o seu próprio bem, o pagamento do capital e dos juros que, tão generosamente temos demorado todos estes séculos para cobrar.

Ao dizer isto, esclarecemos que não nos rebaixaremos a cobrar de nossos irmãos europeus, as mesmas vis e sanguinárias taxas de 20% e até 30% de juros que os irmãos europeus cobram aos povos do Terceiro Mundo. Nos limitaremos a exigir a devolução dos metais preciosos emprestados, acrescidos de um módico juro fixo de 10%, acumulado apenas durante os últimos 300 anos.

Sobre esta base, e aplicando a fórmula européia de juros compostos, informamos aos descobridores que eles nos devem 180 mil quilos de ouro e 16 milhões de quilos de prata, ambas as cifras elevadas à potência de 300. Isso quer dizer um número para cuja expressão total seriam precisos mais de 300 cifras, e que supera amplamente o peso total do planeta Terra.

Muito peso em ouro e prata! Quanto pesariam calculados em sangue?

Admitir que a Europa, em meio milênio, não conseguiu gerar riquezas suficientes para pagar esses módicos juros seria como admitir seu absoluto fracasso financeiro e/ou a demêncial irracionalidade dos pressupostos do capitalismo.

Tais questões metafísicas, desde já, não nos inquietam aos índo-americanos.

Porém exigimos a assinatura de uma carta de intenções que discipline aos povos devedores do Velho Continentes e que os obrigue a cumpri-la, sob pena de uma privatização ou conversão da Europa, de forma que lhes permita nos entregá-la inteira como primeira prestação da dívida histórica."

Nova ortografia portuguesa

O assunto aqui não é história, mas como todo mundo precisa saber escrever bem, achei por bem divulgar esse interessante material. Trata-se de um joguinho de tabuleiro que nos ajuda a fixar algumas regrinhas do novo acordo ortográfico, boa diversão e bom aprendizado.

Para acessar, clique aqui

Da servidão moderna, por Eliani Gracez*

Segundo o documentário “Da servidão moderna”, de Jean-François Brient, que está na internet com um apelo marxista, a escravidão não terminou, apenas mudou sua ideologia. A escravidão moderna é voluntária. O novo escravo escolhe o amo que ele quer servir, e com isso se julga livre. Estranha modernidade, diz o documentário, uma classe que não quer enxergar a sua servidão, não conhece a rebelião. Não luta mais pela sobrevivência ou por um lugar ao sol, luta por um objeto que lhes dê status social. A aglomeração em que vive e mora o escravo moderno é reflexo da servidão. Semelhante a jaulas e prisões.

O escravo moderno paga por sua jaula, e nela acumula mercadoria, sonhando em ser feliz. A ideologia de massa despoja cada ser de si mesmo. Não é mais a demanda que determina a oferta, mas sim a oferta que determina a demanda. E assim o escravo compra o que lhe é imposto – o modelo novo de celular, o carro com alta tecnologia. O velho computador não serve mais, o escravo moderno precisa de um computador de última geração, mesmo que seja só para acessar o Facebook. O escravo moderno não está no comando da situação, a situação comanda o escravo. A cada instante surgem novas necessidades para o escravo moderno, e é mais fácil aceitar a demanda imposta pelo mercantilismo do que lutar contra ela. E o que dizer da alimentação do escravo moderno? É quando ele se alimenta que demonstra melhor o estado de sua decadência. Sem tempo para se alimentar melhor, o escravo moderno se obriga a engolir rápido o que a indústria agropecuária produz. Consome o que a indústria da falsa abundância lhe permite consumir. A falsa ilusão da abundância de escolha pelos alimentos disfarça a degradação dos conservantes e corantes, dos pesticidas e hormônios. Irmãos menores, parafraseando São Francisco, são mortos cruelmente para servir de alimento. Mas o escravo moderno não se importa com isso. A regra do consumo é o prazer imediato. Como resultado deste prazer, o escravo está se tornando obeso.

A produção de energia, de alimento e de lixo está acabando com o planeta. As mudanças em termos de cuidados para com a natureza planetária são superficiais. E tudo continua como era antes. Para o escravo moderno não se rebelar contra o sistema consumista, houve uma inversão de valor. No passado, o trabalho era para quem não tivesse nobreza. Hoje, o trabalho enobrece o homem. Com esse pensamento o escravo alienou-se mais ainda. Com tanto trabalho, passam a vida a produzir aquilo que somente alguns terão direito de usufruir. Triste servidão! Obedecer, produzir e consumir, eis a regra. O escravo moderno obedece aos pais, obedece aos professores, obedece ao patrão. “De tanto obedecer, adquire reflexos de submissão”. Da obediência surge o medo de aventurar-se, medo de arriscar-se. O escravo moderno não sabe viver sem o poder que o criou, por isso ele continua a obedecer. O poder que governa o mundo tem o consentimento do escravo moderno, ele está disposto a pagar o preço por todo esse consumismo. O escravo moderno também precisa de um Deus, por isso entrega sua alma ao deus do dinheiro. Em nome desse novo deus, o escravo moderno estuda, trabalha, luta e serve fielmente. Em nenhum outro tempo alguém serviu tanto a um Deus como nos dias de hoje. O escravo moderno entende que o novo deus o libertará. Como se o dinheiro andasse de mãos dadas com a liberdade. O novo deus ninguém ousa recriminar. E assim a forma de poder forma escravos para o novo deus desde a infância. Crianças aprendem pela televisão que é possível usar daquilo que é mais baixo para vender qualquer coisa. Vender é tudo o que importa ao sistema consumista. O consumismo está acabando com o planeta.
*FILÓSOFA CLÍNICA